terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Você: ontem, hoje, amanhã e sempre.



Lembranças são as riquezas e maiores heranças que conquistamos e carregamos, e que nem sempre podem ser deixadas em testamentos, a não ser como uma biografia (risos).

Até me ocorre agora alguns clássicos comerciais, como um considerado ousado na época, com Patrícia Luchesi e uma marca de lingerie, interpretando o 'primeiro sutiã que a gente nunca esquece' - e que um dia me confidenciou que nem era o seu primeiro! 




Aproveitando o embalo, um outro premiado e comovente comercial, sobre o vandalismo sofrido na comunicação pública, quando os orelhões eram úteis e funcionavam:



Sem deixar de recordar um do extinto Banco Nacional, que me levava às lágrimas na infância, provando que, na atual realidade tecnológica, os comerciais podem ser tão inesquecíveis como um filme, um livro ou um momento:




No domingo passado, quando parecia ser apenas mais um fim de feriado, diante de mais um programa jornalístico da Globo, com seus sensacionalismos trágicos e repetitivos, cheio de dores e problemas de ordens nacional e mundial que quase nunca são novidades para nós, tive uma surpresa.

Durante um dos intervalos, naquele momento em que você aproveita para se levantar e vasculhar algo para comer, responder a uma mensagem no celular ou se aliviar no banheiro, algo que apareceu  na tela me chamou a atenção.

A princípio era mais uma daquelas novas campanhas institucionais dos americanos, adaptada para o Brasil, visando a veiculação de um novo automóvel, que no caso era um Jeep - que tanto amo.

E, apesar da 'longa' durabilidade - apenas um minuto no ar, mas que, para o nicho publicitário televisivo, é quase uma eternidade milionária, afinal, tempo na televisão é dinheiro, gerando um alto custo e lucro ainda maior, principalmente num horário nobre - a tal propaganda, criada pela Leo Burnett Tailor Made, o responsável pelo plano de mídia internacional do veículo em questão, me fez sorrir. E chorar.

Foi bem pensada, bem produzida e bem lançada - como normalmente são as publicidades automobilísticas, dotadas de criativos roteiros que contextualizam ideias que envolvem imagem, personalidades, ação e trilha sonora.

Mas o que mais me atraiu foi a poesia da narrativa feita em off, aludindo à importância do nome que cada pessoa tem e que se torna o seu maior patrimônio, para o qual construímos a nossa história na vida e deixamos a nossa marca no mundo.

Apesar do obvio propósito comercial, aquela autenticidade publicitária não só trouxe cenas do nosso exótico cenário e povo brasileiros, mas também me despertou um insight filosófico ao enfatizar o aceitar, o viver e o recriar seu nome, como uma característica determinante de quem você é e por guardar sua identidade.

Mesmo sabendo agora que a tal divulgação, após sua estréia, foi adaptada para uma vinheta de poucos segundos, exibida durante a abertura de um telejornal semanal, ainda é gratificante - mesmo na labiríntica, crescente e faminta selvageria do consumo, responsável pelo surgimento da impiedosa sociedade capitalista - encontrar algo que faça a diferença, que nos ajude a pensar, que nos mexa com as emoções e que nos fermente um despertar, mesmo através de um merchandising.

Bem, ao menos para mim, que tanto sofri para entender, aceitar e valorizar o meu nome, que todos pensam ser uma veadagem fictícia, foi gratificante.

Então, segue aqui a reflexiva, poética, filosófica e instigante versão inicial do comercial, citado na íntegra. E que possa gerar em vocês o mesmo efeito empírico que causou em mim!