sábado, 16 de agosto de 2014

Carta para Marina Silva

Marina Silva (e talvez a todos os evangélicos da escalada política)

Desculpe-me, mas fico na dúvida de quem realmente a senhora deve ser. 

Qual será o seu verdadeiro caráter? Levando em conta minha (e nossa) constatação sobre a atuação dos evangélicos no poder, de uma forma geral, confesso que fico temeroso e espero logo o pior, baseado-me em minhas experiências pessoais (apesar de conhecer uma minoria que seja uma abençoada exceção).

A respeito do enfadonho discurso que a senhora dissemina sobre a 'perseguição evangélica', e das duvidosas declarações expostas na mídia sobre você, ora defendendo o casamento gay, ora torcendo pela 'cura' dos mesmos, afinal o que é real de fato? E você? É real? 

Só digo-lhe que deveria repensar ao defender a classe de um ser como Feliciano, que teve a audácia (e tiveram a burrice) de ser eleito Presidente da Comissão dos Direitos Humanos, demonstrando logo sua incapacidade ao citar e fazer atrocidades com 'seu' povo brasileiro.

Com falsidade ideológica e demagogia, aquele energumero (a quem nem perco o meu tempo escrevendo, porque mal deverá saber me interpretar) mostra sua incapacidade e ignorância através do elitismo (tendo vindo de origem pobre e ignorante), do racismo (que tem genética negra por mais que alise os cabelos), da teofobia (desrespeitando as demais crenças) e homofóbico (que dá mais pinta do que muitos gays por aí) e que ainda compra carro para a filha com o dinheiro da igreja (dizendo que foi Deus quem deu) e que depois de fazer e dizer tantas asneiras ainda se coloca como vítima de 'perseguição religiosa'. 

Não vejo gays perseguindo e nem atacando evangélicos, mas sim o contrário, sendo condenados e comparados com prostituição. Aliás, Marina, gays não saem por aí com o dedo acusador, julgando quem vai para o céu ou o inferno. Não agridem a sociedade depredando igrejas alheias e imagens de santos. Muito menos ousam protestar em outros eventos religiosos. 

Eles não sujam os ambientes públicos em que utilizam para encontros. E nem invadem a privacidade das pessoas, nas casas, ruas ou meios de transportes que pagamos para usar, com infundados e arcaicos sermões acusadores. Não deturpam a bíblia e a usam como uma covarde arma. Nem fazem propagandas de templos que na verdade são empresas. Não profanam em nome do sagrado. Não ofendem gratuitamente e nem se acham senhores da razão em nome do que dizem chamar de 'moral, ética e bons costumes'. 

Vale lembrar que gays não possuem pastores que fazem de suas fiéis escravas sexuais. E nem moram em mansões ou viajam de helicópteros e jatinhos com dinheiros doados por seu público miserável que deixa de comer para pagar o dízimo. 

Gays também são cidadãos. Nem a medicina constata que são doentes. Também não misturam política com religião e sexualidade. Não fazem abuso de poder e papel de vitimização. Será que a senhora se enquadra no time de Feliciano, Bolsonaro e Malafaia, falsos moralistas e equivocados oportunistas, que deveriam viver na Idade Média, quando a igreja comandava e exercia suas atrocidades, passando-se por justa e salvadora?

Para o seu governo, Marina, gays estudam, trabalham, produzem e pagam contas. Cumprem seus deveres e apenas lutam pelos seus direitos. Alguns ainda constituem famílias e adotam filhos. E isso se denomina dignidade, respeito, cultura, humanismo, cidadania e civilidade (o que muitos evangélicos e políticos deveriam ter ou aprender). 

Deveriam sim pensar nas escolas em que alunos estudam com o guarda-chuva aberto dentro da sala, quando chove, ou que faltam merendas cujas verbas são desviadas. E nos hospitais com pacientes estirados no chão ou esquecidos em macas, morrendo por falta de atendimento e estruturas, além de mulheres parindo nas portas dos hospitais fechados. Já não basta o mico do ano que a Dilma fez com essa Copa?

O papel de um presidente é administrar, representar e honrar pelo seu país, não excluir, envergonhar e difamar seu povo, muito menos usufruir dos seus benefícios. Não precisa ser muito inteligente para deduzir isso. Basta ler as notícias. 

Então vamos organizar as coisas? Cada um no seu espaço. Lugar de religioso é no altar ou no púlpito. E dos políticos é nas câmaras (de gás?). 

Quanto a classe artística, tudo bem que Stepan Nercessian e outros merecem altivos aplausos pelos seus trabalhos. Mas o que dizer de um Tiririca da vida, que precisou fazer até teste para provar que não era analfabeto? Ou da demente Miriam Rios, que queria impedir a contratação de motoristas e babás gays para não correr o risco de 'assediarem' seus filhos? (Será que as 'crianças' dela já viram as antigas revistas em que a mãe aparece nua?)

Direitos humanos deve ser para todos, não somente para menores infratores e criminosos, onde a esposa de um presidiário ou mesmo um bandido têm mais privilégios sociais do que um cidadão comum. 

E isso entristece. Entristece e revolta a gente de uma forma que temos vergonha de ser brasileiros. Ainda amo o meu país, embora ele nada tenha feito por mim até hoje e nem acredito que faça no futuro. 

Mas, se em meio a essa fogueira de vaidades, o diabo cria tantos falsos evangélicos interessado no poder, Deus inventa Jean Willys para a nossa salvação!

quarta-feira, 13 de agosto de 2014

O 13 na vida de Eduardo Campos.



Eduardo Campos tem 13 letras em seu nome.
Começou o namoro com Renata Campos, sua futura esposa, desde a adolescência, quando ela ainda tinha 13 anos.
Quando deputado federal criou a Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico e Cultural Brasileiro em junho de 2000, no dia 13.
Firmou Pernambuco com o maior índice de vida dos habitantes até 2013.
Elevou Pernambuco ao aprimoramento da educação escolar e profissional em 2013.
Também deu ao estado do nordeste o mais elevado número de empregos e de grandes empresas investidoras na região em 2013.
Como governador se aliou à aliança programática com a Rede Sustentabilidade da ex-senadora e ex-ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, cujo pedido de registro do novo partido foi negado pelo Tribunal Superior Eleitoral, em outubro de 2013. 
Recebeu o prêmio 'Pacto pela Vida' do Banco Interamericano de Desenvolvimento, na categoria 'Governo Seguro – Boas práticas em prevenção do crime e da violência', em 2013.
Sua sobrinha Marília Arraes cumpriu o mandato de vereadora de Recife e iniciou na Secretaria de Juventude e Qualificação Profissional da cidade em 2013.
Seu atual partido, o PSB, continha 513 deputados federais. 
Sua maior rival política, Dilma, pertence ao PT, número 13.
Seu avô, Miguel Arraes, então presidente do partido, faleceu em 13 de agosto de 2005.
A trágica morte do aspirante à presidência foi este ano, também em 13 de agosto.
Recentemente havia completado 49 anos e conforme a numerologia: 4+9= 13.
O jato em que ele viajava caiu na cidade de Santos, cujo DDD é 13.
A aeronave também era usada às vezes por Latino, que causou a demissão de dois pilotos ao permitirem que o cantor fotografasse na cabine em pleno voo, em 2013.
O acidente destruiu 13 imóveis situados no bairro paulistano Boqueirão.
E sua morte foi confirmada pela imprensa às 13 horas.
Só para refletir...


terça-feira, 12 de agosto de 2014

Vinte e dois anos sem Daniella Perez


O amigo Domingos Sávio havia me pedido, há um certo tempo já, para escrever um texto na página que ele havia criado em homenagem à Daniella Perez, desejando fazer uma surpresa para sua mãe, a autora Glória. E agora, logo após o aniversário da jovem que completaria quarenta e quatro anos, e que nunca conseguiremos esquecer, e depois de conhecer pessoalmente Gloria Perez no lançamento do livro sobre Neusinha Brizola, que escrevi com Lucas Nobre, aqui vão finalmente minhas palavras, ajudadas pelo amigo e compositor Júlio César. Não uma dívida salda, mas com o amor que às vezes tanto parece faltar no mundo em que vivemos.

Uma estrela jamais deixa de existir no universo.

Elas nascem e se transformam, mas nunca se apagam. 

Sua luz continua percorrendo intermináveis caminhos. E quanto mais longe estiver, mais forte e longo será seu brilho, no qual mão alguma pode tocar, mas que os olhos podem alcançar inebriados.

Algumas estrelas surgem em nosso planeta com a missão de semear a beleza, a paz, o amor, a justiça e a sensibilidade, muitas vezes incorporando uma sublime força que chamamos simplesmente de arte.

Aos que acreditam em algo mais além da matéria, podemos dizer que somos como as estrelas. Não deixamos de existir. Só nos transformamos. Exatamente como o amor, que, quando verdadeiro e incondicional, não desaparece: apenas se acomoda em algum cantinho dentro de nós. E lá constrói seu ninho. Abrigado. Vivo. Para todo o sempre.

Daniella Perez Gazolla completa vinte e dois anos de partida, porém não deixa de irradiar sua luz no firmamento de cada um que a conheceu, de alguma forma, pessoalmente ou nas telas.

Nenhum céu sobrevive sem estrelas. Nem anjos. Criaturas divinas e criadas para nos proteger, guiar, cuidar e amar, enfeitando nossas vidas e salvando nossas dores, cujas presenças são essenciais entre nós que ainda habitamos esse plano. Afinal, anjos não precisam aparecer para saber que existimos. Basta senti-los.

Em seu olhar que Dani transbordava uma ingenuidade doce, seus gestos leves que demonstravam uma força descomunal, sua presença que preenchia nossos sonhos, sua voz que musicava a alma e sua beleza que deixava o mundo mais perfeito, ela ainda brilha entre nós.

Dani era mais do uma pessoa ou artista. É poesia, fada, anjo, estrela, luz. Ou qualquer coisa especial, livre e ofuscante, e que irradia a esperança de que um dia a humanidade poderá valorizar mais o amor do que a ganância, mais a realidade do que a ilusão, mais a felicidade do que a fama. Porque ela foi assim e deixou sua mensagem.    

E suas sapatilhas, hoje penduradas carinhosamente numa parede, contam uma parte da sua história, através do tecido ruço e das solas gastas, guardando os primeiros e últimos passos que ela deu nos palcos da vida. E possuem invisíveis asas, que se abrem no escuro da memória, ruflam no silêncio da saudade e se debatem rumo ao céu das lembranças, para dançarem no teto estrelado dos nossos corações, onde finalmente repousará, sem deixar de pertencer ao eterno recomeço. 

Abaixo, fotos inéditas e gentilmente cedidas por Glória Perez para Domingos Sávio, que ilustram a página do Face.






               

terça-feira, 5 de agosto de 2014

'Neusinha Brizola sem mintchura' em Paraty

Arte de Rodrigo Manhães.

A primeira vez em Paraty, seja como autor ou leitor, a gente nunca esquece.

Normalmente o evento da Flip acontece no meio do ano letivo, quanto estou às voltas com as provas e aulas de recuperação dos alunos. E isso inviabiliza minha ida. Mas agora o sonho se realizou, através do esforço da atriz Kátia D'Ângelo, em parceria com o professor e diretor teatral Ailton Amaral (que viveu seu momento Van Gogh), e um convite de Luiza Faria, organizadora do Circuito Off-Flip.

Todos sabem que a Flip é a Feira Literária Internacional que acontece em Paraty, e o Circuito Off ocorre antes e paralelamente, promovendo eventos alternativos e regionais. Embora a estrutura da Flip tenha sido reduzida, já o da Off cresceu, completando dez anos de atividades.



Paraty é uma cidade na divisa entre Rio e Sampa, que atrai milhares de turistas, costurada pelas partes nova e a velha, que a faz parecer um cenário de época ou um presépio histórico, com sua arquitetura colonial de janelas e portas coloridas, transformada em pousadas, bares, restaurantes e lojas, espalhados pelas ruas de pedras irregulares.

A região é cercada por montanhas e praias paradisíacas. E a cidade ladeada por uma baía que, quando a maré sobe ou a chuva se intensifica, deixa o cima ainda mais romântico, parecendo Veneza.

Já havia passeado por lá com amigos, em outros tempos, mas não durante a Flip, que dá um brilhantismo totalmente diferente para o local, com uma proliferação de pessoas e toda estrutura montada para a ocasião, onde tudo o que não respira literatura é arte.

A surpresa também é encontrar amigos queridos pelos becos culturais, como Santiago Nazarian, Nelson Motta, Leila Oli, João de Corujão, Tavinho Paes, Camila Carandino, Renata Emily, Imídia, Paulo Girão e Mano Melo, entre outros, que interagiram lindamente em nossa apresentação.


Fazendo parte do roteiro cultural e turístico de Paraty.

Cercado pelo carinho de um público que misturava curiosos, leitores e amigos, fizemos um debate sobre biografias 'chapas-brancas' no Brasil e uma sessão de autógrafos no simpático Lima Bistrô, localizado atrás do Pousada do Limoeiro, quase em frente à Prefeitura, com um delicioso cardápio de café caiçara. 


Lucas Nobre, Luiza Faria, Kátia D'Ângelo, Fábio Fabricio Fabretti e Hailton Amaral.
/ Foto de Eliane Torino /

Também tivemos a oportunidade de assistir ao show da Gal, que abriu a temporada. Era uma das cantoras que eu não ainda conhecia pessoalmente e cuja forte presença cênica comoveu a nós, na área vip, como a toda imensidão de pessoas ao redor.

A palavra que posso definir aquela viagem é 'mágica'. E o amor que eu e Lucas Nobre recebemos foi tanto que deixou saudade antes mesmo de partirmos, e a certeza de que Paraty realmente é para mim, para nós e para todos!

De todos os jornais de grande circulação no país, somente não havíamos saído no O Globo, que ressaltou, na matéria de Thaís Britto, a nossa opinião quanto a polêmica das biografias autorizadas ou não.



Escritores debatem lei das biografias em Paraty 

Biógrafo de Neusinha Brizola diz que prefere histórias autorizadas

E meio à discussão sobre o projeto de lei das biografias que causou polêmicas entre os escritores, artistas e entusiastas do gênero desde 2013 - e que ainda tramita no Senado -, o segredo para escrever uma boa história sem correr maiores riscos judiciais é encontrar um biografado disposto a se expor sem vaidades. Tarefa difícil mas não impossível, garante Fábio Fabrício Fabretti, que ao lado de Lucas Nobre acabou de lançar na Flip "Neusinha Brizola sem mintchura", sobre a movimentada trajetória da filha de Leonel Brizola.
- Eu só trabalho com biografias autorizadas. Não tenho interesse em contar histórias de quem não quer ter sua história contada - Diz Fábio, que já havia escrito, ao lado de Eduardo Nassife, a biografia da atriz Gloria Pires.
- O melhor jeito de não fazer uma biografia chapa-branca é quando a pessoa está disposta a jogar tudo no ventilador. E foi o caso da Neusinha.


Verdades e verdades

Lucas, que é de São Borja, no Rio Grande do Sul, começou atuando como pesquisador para Fábio. Acabou ajudando-o a escrever e compartilhando a autoria do livro:
- É importante quando o biografado está disposto a falar não apenas do auge, mas também dos fracassos e desilusões. Muitas biografias acabam sendo apenas versões floreadas dos fatos e não a verdade. - Defende Lucas.
Mas, mesmo com uma biografia com a ampla contribuição de seu objeto de pesquisa (Neusinha ajudou na concepção do livro até sua morte, em 2011), as dificuldades aparecem. Para Fábio, as maiores foram os buracos históricos e as diferentes versões para um mesmo evento. A saída, diz, é confiar no biografado.
- Precisamos confiar porque a linha condutora é sempre o biografado. Mas é claro que existe a verdade absoluta e a de cada um. Pesquisamos com as outras fontes. Muitas vezes, deixamos algo em aberto para o leitor interpretar. 

(Thaís Britto)    



E para finalizar, um texto de Carlos Dei Ribas para a Folha do Litoral Costa Verde:

Neusinha Brizola sem Mintchura: "Dormi princesa e acordei sapa"

Um turbilhão de ávidos leitores, admiradores, artistas, poetas, moradores acariciam os pés-de-moleque seculares das ruas e ruelas de Paraty, com passos lentos, largos, dançando forró, batendo papos literários ou aleatórios, curtindo um teatro itinerante, se deliciando com uma cocada ou com os instrumentos indígenas expostos nas calçadas, dando prosseguimento à Festa Literária Internacional e ao Curto Circuito Off-Flip de 2014.

Para fechar a noite do segundo dia do Circuito Off - 2014, rolou o concentrado lançamento do livro biográfico "Neusinha Brizola, sem mintchura", de Fabio Fabrício Fabretti e Lucas Nobre, com apresentação da atriz Kátia D'Ângelo, no espaço cultural Lima Bistrô.

Segundo os autores, firmados no compromisso com a verdade, atendendo a um pedido da própria biografa ainda em vida, de que sua biografia servisse para os que querem viver e alavancar a vida, mesmo que isso fosse o seu último escândalo, foram quatro anos de trabalho e muita pesquisa para darem vida a uma biografia que mostrasse uma Neuzinha Brizola brilhante como pessoa, aflorando o seu lado humano, da sua convivência com a família e amigos e não a Neuzinha vastamente explorada politicamente, com intuitos escusos de destruição do pai, Leonel Brizola.


Kátia D'Angelo foi um elemento chave na construção deste trabalho, por ter sido uma amiga presente na vida de Neusinha Brizola, nos momentos de altas e baixas, que passou por situações constrangedoras, como quando voltava em um helicóptero oficial, com os netos de Brizola e o ex-namorado da cantora, Fernando Vannuci, da Ilha de Brocoió e, foram detidos pela Polícia Federal, ao pousarem no heliporto da Lagoa. Segundo ela, teria sido uma articulação/armação da mídia com intuitos de denegrir o ex-governador do Rio. Para ela, Neusinha disse que dormiu princesa e acordou sapa, por ocasião do exílio do pai (e da família).


Durante quase uma hora houve intenso e interessante debate, em que foram levantadas várias questões de conflitos, como "geração trash", "geração saúde" (anos 80/90), politizadas e alienadas, com destaque para um certo vácuo que se observa atualmente, em que, apesar do acesso à correnteza oceânica de informações, via web, paira no ar um marasmo de irreverências, como foi a "montanha russa" da vida de Neusinha Brizola.


(Carlos Dei Ribas)


Photobomb de Fábio Fabrício Fabretti em Paraty tirada por Lucas Nobre.