sexta-feira, 30 de maio de 2014

Meu tio Bento



Já dizia João Guimarães Rosa: 'O que tenho, lembro'. Verdade. Lembramos de tudo o que um dia tivemos. Pessoas e momentos, principalmente. Às vezes sentimos necessidade de rever alguns fantasmas, sejam bons ou maus. 

Nostalgia é um veneno doce de se tomar. Saudade é uma feridinha que a gente cultiva na alma. Lembrança é um acontecimento que deixou de ser, mas que será sempre. Passado é uma verdade viva disfarçada de morta.

Há coisas que guardamos num cantinho escondido dentro de nós, e que podemos levar anos sem lembrar. De repente volta, ao vivo e a cores, despertando as senhas mais secretas do cofre em nossa mente, podendo levantar ruínas deliciosas que nos sustentam.

Certa vez na casa do amigo Thiago Picchi, enquanto trabalhávamos com afinco em nosso livro 'Sexo, drogas e tralalá', ele começou a tocar sua doce flauta transversal. Um som açucarado que derretia meus ouvidos. Aquela áurea musical que ele levemente materializava, dos nostálgicos acordes do músico Juan José Mosalini - argentino que engrandece o romântico e trágico som do tango - relembrei - ou redescobri? - o quanto a música é o respiro da alma.

Então me recordei de uma pessoa que nunca caiu no meu esquecimento tardio. É que já tive um tio músico. Um sanfoneiro. Um tio tão roceiro quanto Guimarães Rosa e que sabia magistralmente as notas musicais do seu acordeon. Um instrumento que, diante dos meus olhos de menino da cidade, parecia uma cobra encantada que se esticava e encolhia magicamente.

O som festivo era um contrapondo diante de suas mãos brutas do campo. Mãos que ordenhavam vacas, paria bezerros, capinava o mato e acariciava a cabeça dos filhos e sobrinhos. 

Meu tio e seu acordeon por vezes emergem da sepultura que guardam as coisas que perdemos. Quase sempre vivemos de certas lembranças, umas macias e outras dolorosas.

Na infância, passava minhas férias na sua fazenda, de onde nunca se apagou a imagem daquele tio com cara de homem bom, corpo bronco de labuta, pele tostada de sol, mãos calejadas, sorriso paterno e cheiro de verde. 

Após o jantar, sempre num ritual harmonioso e familiar, no qual ele se acomodava sobre um baixo banco de madeira na varanda. A sanfona no colo, cercado pela escuridão noturna e um pequeno público silencioso de filhos e sobrinhos, iluminado apenas por uma lua arredondada, a rala luz do lampião e uma pequena legião de curiosos vaga-lumes.

Sua música debatia-se e voava pela noite, formando um rastro que seguia para as estrelas. Sinfonia bailesca de um homem só, no rítmico vai-e-vem das mil dobras do instrumento minhocoso que hipnotizava meus olhos estatelados, sentado calado ao seu lado, naquela pequena platéia solitária. Meu tio arrancava um som que parecia uma pequena locomotiva viva.

Foi a mesma pessoa que, nas madrugadas povoadas de grilos cantantes e corujas resmungantes, entre outros ruídos que me despertavam assustado, abraçava-me e narrava suas aventuras cheias de coragem e mistérios, com busca pelas minas de ouros e lutas entravadas com os seres monstruosos que vagavam ao redor da fazenda, que para mim era um recanto povoado de criaturas fantásticas. Criaturas que ganhavam vida e cresciam na sua voz, enquanto eu ouvia enlaçado a ele. Meu tio sabia que isso me fascinava. E ao mesmo tempo em que me embalava ao sono, despertava-me também para o desejo da criação.

É isso. Eu já tive um tio com nome de santo. Um tio contador de causos com a mesma destreza que enfeitiçava com sua sanfona mágica, feito um encantador de serpentes. 

O homem que me fez sonhar histórias, apreciar  música e colecionar palavras inventadas. Era um pai. Um homem do campo. Um músico. Um sonhador. Era um historiador. Herói na sua tragédia diária, o meu tio. Quando ele morreu completava muito tempo que não nos víamos. E tudo era diferente. Eu, estudante perdido na cidade grande. Ele, fazendeiro que vivia na distância. Ambos girando em suas órbitas paralelas.

Talvez por isso preferi não vê-lo morto, sem querer que sua última lembrança fosse triste, porque ele me trouxe alegria e imaginação. E isso é um tesouro que ladrão nenhum roubará de nós. 

Algumas pessoas não combinam com a morte. E meu tio é para ser vivo na eternidade, com seu acordeon encantando as pessoas e suas histórias contando mundos. Foi ele que também ajudou a construir o escritor que há em mim.

À noite, quando só e insone, às vezes ouço suas notas e palavras, virando menino novamente. Como sinto falta do meu tio, do seu abraço, da sua sanfona, do seu sorriso, da sua existência. Sentimos falta das coisas que nos pertenceram um dia. 

Sim, mas obrigado Deus. Eu já tive um tio. Um tio que dizia que gostava de mim como filho. Um tio sanfoneiro. Um tio contador de histórias. Um tio que, muito desconfio, era tão especial que não poderia mesmo pertencer a esse mundo, e talvez por isso não esteja mais entre nós.

(Texto escrito em memória ao meu tio Bento Bergo, há alguns anos).

quinta-feira, 29 de maio de 2014

Brega: uma poesia do coração.





Em breve o lançamento da antologia 'Poemas da madrugada', pela Editora Litteris, escrito ao longo da vida por uma autora regional, Fátima Lima, eleita para o projeto literário da Secretaria de Cultura da prefeitura da cidade de Lucas do Rio Verde, em Mato Grosso, com participação de Flávia Dantas.

A indicação para que eu fizesse o prefácio, transcrito logo abaixo, e organizasse os textos, foi do amigo Luiz Pita, que fez toda a produção artística do livro, junto de Juliana Fernandez Acosta, consolidando mais um trabalho em parceria comigo, após o nosso 'Isabelita, a menina dos patins', em que ele e Dalva de Assis ilustraram lindamente.

(Ouça aqui uma das declamações de Fátima Lima) 

O que dizer sobre a poesia brega?

Se o conceito de poesia é a arte escrita que transmite um contexto afetivo, seja qual for o seu objeto artístico, o poema é definidamente uma estrutura específica que contém versos, estrofes, métricas, melodias, rimas ou não. E vale lembrar que a poesia é uma das principais artes mais antigas e tradicionais, na qual a linguagem humana se comunica.

O poema é um texto que obedece ao padrão estético e literário. A poesia vem da alma. O poema entra na alma. A poesia pode ser qualquer coisa, enquanto o poema é uma coisa qualquer.

Temos o poema, como um objeto estilístico, contém existência material e concreta do poeta. Já a poesia tem seu caráter imaterial, subjetivo e transcendente. O poema pensa e a poesia fala.

Se poema é uma obra que apresentada padrões e regras, então a poesia é uma forma especial, dirigida à imaginação e à sensibilidade, transmitindo emoções. O poema é racional. A poesia é visceral. E mais: em todo poema há poesia, mas nem em toda poesia há poema.

No caso de Fátima Lima, autora instintiva e visceral, sua poesia é de ordem crua e nua, o seu arroz com feijão literário, tipicamente o prato nosso de cada dia, feita para os amantes que estão por aí, por todos os lados, observando as estrelas e a lua, chorando nos cinemas ou nos finais das novelas, até quem sabe dançando ou ouvindo a sós uma canção de Roberto Carlos ou Alcione.

A vida e o amor são as mais elaboradas essências da poesia. Sempre foram, destrinchados em temas como solidão, separação, euforia, atração... e gerando a fragrância de uma poesia que deseja expressar exclusivamente os sentimentos, considerados por alguns como 'brega'.

Nos dicionários, a palavra 'brega' é algo conceituado especificamente na música, assentado nos aspectos do romantismo popular, em especial na canção conhecida como 'dor de cotovelo', com arranjos sem grandes elaborações, um substancial apelo emocional, exagero de melodias e letras com rimas fáceis e expressões usuais. Também taxado pela elite como um gênero de 'mau gosto' ou 'cafona'.

Desde os anos 80, uma época considerada por muitos como 'brega' – mas afinal qual passado não é? – essa palavra passou a ser largamente usado na mídia, sempre de maneira pejorativa, rotulando a arte criada sem um 'valor artístico'.

Ainda sem conter uma conceituação correta ou profunda, prefiro entender o termo como aquilo que exprime toda arte feita para todos, sem distinção social, cultural ou temporal, longe do refinamento buscado por muitos e com exageros dramáticos e conteúdo livre ou até ingênuo, agradando a maioria.

Porém, como não há uma definição propriamente dita para o 'brega', o termo se torna um extenso alvo de discussão para os que tentam estabelecer um perfil rígido para ele, que mal se designar numa condição específica.

É justamente essa imprecisão conceitual que carrega o 'brega' e o faz abarcar inúmeros artistas, seja na poesia, na música ou nas artes em geral, onde o sentido – ou falta dele – só reforçam sua imprecisão.

Entre tantos boatos, historicamente, cogita-se que a origem do 'brega', embora ainda desconhecido, pode ser um sufixo da palavra 'nóbrega', que consta no nome da rua Manuel da Nóbrega, uma antiga região de meretrício, há muitas décadas, em Salvador, de onde  provinham canções românticas que embalavam as calorosas noites de amor. Seria lá então o berço do 'brega'?

Seja como for, ele continua ligando os amores e suas dores, rimando os corações sem perdões, vendo os amantes chorando ou suspirando, alastrando mais e mais suas raízes por aí. Ninguém escapa incólume da vida. E nem do brega.

Ainda há quem, dotado de um espírito mais elaborado, prefira utilizar o termo estrangeiro 'kitsch'. O fato é que se a poesia de Fátima Lima é brega ou não, o mais importante é o seu contexto e toda a carga biográfica nela contida.

Fátima merece ser conhecida como emissora de um relato da vida, e lida o som de uma música pop, internacional ou não, lenta e antiga, dotada de nostalgia – exatamente como ela fazia nas rádios em que declamava e nos cds poéticos que gravou – lembrando os velhos LPs das bandas nacionais como o RPM, que trazia na capa a inscrição: 'Para ser ouvido no volume máximo'.

Não só na obra de Fátima, poeta do povo, mas também de consagrados autores como Fernando Pessoa, encontramos citações de que as cartas de amor são ridículas, mas que não seriam cartas de amor se não o fossem. E assim aprendemos um pouco sobre o seu amor de poeta revelado pelo poeta do amor.

Mas fica a critério de cada leitor sentir o seu mais sublime e alcançar a sua interpretação, onde percebemos e sentimos que nem todos podem ser poetas, mas o poeta pode ser todos.

E o amor é para todo mundo.

O INQUILINO

(
Fátima Lima)

Certa noite
alguém bateu em minha porta:
Quem é? perguntei.
É o amor, alguém me respondeu.
O que desejas?
Desejo um coração para amar
e um lugar para ficar...
Você está sozinho?
Não, a saudade veio comigo.
Por que vocês não procuram um hotel?
Já procuramos, mas os quartos 
estão cheios de amor...
Abri a porta 
para meus hóspedes entrarem.
E ficaram comigo por um certo tempo.
Certa manhã
 o amor saiu para comprar jornal
e nunca mais voltou.
Até hoje só a saudade 
mora comigo em seu lugar...

quarta-feira, 28 de maio de 2014

Na aldeia Umutina



Na virada de 2008 para 2009 fui convidado pela FUNAI para levar meu livro infantil, 'O mistério dos livros', para as crianças de uma aldeia indígena no interior mato-grossense, em nome do serviço de socialização e incentivo literário que exerço. Aproveitei a oportunidade para visitar alguns familiares que moram aos arredoes de Cuiabá e que há mais de vinte anos não tinha contato. E passei lá o fim de ano.

Escolhemos uma aldeia intitulada ‘Umutina’, preservada numa área ecológica de Mato Grosso, nos municípios entre Barra dos Bugres e Alto Paraguai, cuja ramificação pertence ao tronco linguístico macro-jê, da linhagem Bororo, somando um número populacional com pouco menos de quinhentos habitantes, conforme a estatística da Associação Indígena regional. 

O nome significa 'índio barbado', uma vez que a espécie normalmente é imberbe, mas aqueles, por terem se misturado geneticamente aos negros e brancos, quebravam o protocolo biológico.

A história de sua colonização é recente, no início do século passado, quando foram injustamente enquadrados como selvagens violentos por lutarem para defender seus domínios contra as invasões civilizatórias. Muitos também foram devastados pelas epidemias decorrentes do homem branco. Mas o mito não condiz com as pessoas amigáveis, tranquilas e extremamente conectadas com a natureza que conheci.

No dia da visita, minha tia e primas me acompanharam. Tia Cida me ajudou a organizar e embalar os livros e brinquedos. Elaine nos conduziu de automóvel ao trajeto. Idaliana fotografou. Sofia e Isabella cederam seus apoios morais, achando tudo muito 'radical'.

Na viagem, seguimos de carro por uma rodovia que desembocou numa estrada de terra que cortava o cerrado, onde pegamos uma balsa com um barqueiro que nos ajudou a chegar até a ilha em que viviam, atravessando o rio Bugre, de água doce e afluente do alto Paraguai, 
chamado por eles de helatino-pó-pare.  

Caminhamos em meio a vegetação, pegando informações com os nativos da região, até finalmente chegarmos à aldeia formada numa clareira, onde nos aguardavam. 

O pajé e sua esposa nos receberam afetuosamente, diante dos olhares discretos e curiosos. Também tivemos a receptividade das crianças que já esperavam na sala da pastoral, e que nada têm de diferente das outras crianças, a não ser a grandeza do seu universo cultural, o que os tornam ainda mais especiais. Criança é criança em qualquer lugar e para elas o mundo é um só.

A princípio estavam reticentes e exibindo certa timidez, mas sempre educados, levantando o dedo quando queriam participar da conversa e sem nunca me interromper. Mas logo que li minhas histórias e comecei a interagir com atividades, todos se soltaram, disputando quem respondia as minhas perguntas para ganharem os presentes. 

 
Fábio Fabrício Fabretti com o jovem índígena Heleno Corezomaé.
/ Foto de Idaliana Bergo /

As novas gerações desde pequenos estudam na própria tribo, depois partem para alguma faculdade, retornando quando se formam, ávidos para atuarem na sua tribo. E assim se mantêm atualizados e ligados aos eternos vínculos.

Como parte de sua alfabetização há a concepção de um livro didático na linguagem umutina, idealizado pelo professor Luciano Ariabo Quezo, da UfsCar, o primeiro graduando indígena a desenvolver um projeto de Iniciação Científica com bolsa da Fundação de Amparo para a Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP).  

Os mais antigos se dedicam basicamente à construção, caça, pesca e serviços rurais, incluindo a confecção dos artesanatos feitos por homens e mulheres.

A clareira possui postes elétricos e currais para os animais de criação, servindo também de pasto e terreno para a lavoura, além de espaço sagrado onde desempenham suas danças ritualísticas com trajes e canções típicos da sua identidade sócio-cultural. 

Eles têm o hábito de construírem suas tradicionais ocas de madeira e palha, mas também moram em residências feitas de alvenaria, cujo interior possuem computadores, móveis e eletrodomésticos dignos de um verdadeiro lar.

Através do meio virtual até hoje mantenho contato com alguns amigos que lá conheci, e que fazem parte da luta para manterem vivos sua origem, história e tradições, como Maria Alice Cupudunepá, autora prestigiada até no Museu do Índio e que me surpreendeu com seu ativismo educacional, o jovem guerreiro Lennon Corezomaé, que hoje estuda na universidade, e a família Amajunepá, entre outros.

Lá aprendi que o índio brasileiro é mais do que estudamos nas salas de aula, desde os tempos mais antigos sofrendo com o descaso e a exclusão urbana. Mas não entre eles, onde prevalecendo o orgulho de quem são e a autodefesa do seu povo.

Também trouxe comigo uma certeza que me deram, de maneira simples e sincera, diante daquela realidade tão oposta da nossa: de que somos todos iguais, principalmente na força de uma união.

terça-feira, 27 de maio de 2014

Lá vai Rosane Collor!



Fábio Fabrício Fabretti e Rosane Collor na entrevista sobre o livro em Maceió.

Parece que Rosane Collor finalmente lançou o 'seu' livro. Será que ela pagou o ghost writer ou deu o calote também? 

Sobre essa senhora, vou contar sempre a minha versão: 

Tudo começou em 2010, logo após eu e Eduardo Nassife termos lançado a biografia de Gloria Pires. De repente recebemos emails de um advogado catarinense, designado por Rosane (porque na época ela não conseguia nada contratando escritórios para defendê-la em sua terra natal, visto que todos são dominados pelas poderosas Organizações Arnon de Mello, pertencente ao Collor), declarando que Rosane tinha gostado muito do nosso trabalho anterior e desejava fazer uma biografia contando sua história, quem de fato era Collor e até quem matou P.C. Farias. 

Ela já estava separa do casamento de vinte e dois anos que teve um desfecho mal contado e que resultou numa inimizade por parte de Collor, morando (ou ainda mora) numa das velhas casas de veraneio que conseguiu se alojar temporariamente por uma conquista da lei, através do tal advogado que também era um tipo de assessor.

Nassife pulou logo fora da proposta, mas eu, como sou filho da audácia e adoro um desafio, enxerguei uma chance de revelar verdades obtusas e fazer 'vingança' (ou como soaria mais bonito, de fazer 'justiça') por mim, minha família e todo povo brasileiro. E aceitei.

Posando diante do antigo gabinete do Collor.

Então começamos uma negociação sem fim pelo valor do meu trabalho, mas nada nunca foi aceito por ela, que usou meu nome e imagem em matérias como na Folha de São Paulo, que repercutiu tanto ao ponto de virar reportagem no Fantástico, e que atingiu um índice de audiência espantoso, maior do que quando Xuxa havia declarado, meses antes, sobre os abusos sexuais que sofreu na infância, como poderão assistir no link abaixo.


O fato é que eu vivo do meu trabalho e também pago contas. Não é só ela que tem despesas e gosta de uma boa vida. Afinal, quem não tem um ex-marido rico para sugar, precisa se sustentar com as próprias mãos.

Tempos depois fiquei sabendo através de terceiros que ela tinha decidido 'trocar' de biógrafo. E sequer tiveram a gentileza ou a consideração de me comunicarem. Simplesmente esqueceram de cumprir com o nossos acordos, tanto verbal quanto o assinado em papel, via um documento informal que ela mesma preencheu e me enviou pelo correio, onde me autorizava a fazer sua biografia. 

Neste documento elaborado por mim, diz também que uma das partes pode desistir do livro, desde que ambos estejam de acordo. Ela tinha todo o direito de cancelar ou mudar de biógrafo, desde que me avisasse e considerasse o meu serviço prestado até então. 

Tomando sol na piscina do ex-presidente que caçava marajás.


A atitude de contar tudo, que estou aqui tomando, é contrária ao que eu tinha dito a ela e ao seu advogado, em nossa última conversa, quando os procurei para esclarecer os fatos e lhes aleguei que, mesmo me sentido desqualificado profissionalmente por tal atitude deles, não tomaria nenhuma providência, para mostrar que ao menos eu tenho ética e consideração. 

Porém, ouvindo alguns conselhos e repensando na situação, resolvi descumprir também o que prometi. Ser honesto com quem não é? Não acho justo ter perdido quase dois anos de trabalho, entrado em contato com editoras, decupado entrevistas e conseguido pesquisas, além de toda equipe que montei e acionei, sem qualquer remuneração, para no final sofrer danos morais e materiais.

Se Rosane brigou tanto por justiça, não deveria também tê-la exercido comigo, agindo de forma digna?


Entrevista para o Fantástico.
/ Arte de Dougie Face /

No final ela parece nem ter conseguido outro biógrafo, uma vez que nem Mário Prata ou Guilherme Fiuza aceitaram seus convites. E o pior de tudo - ou o melhor - foi a sua justificativa inicial na imprensa, alegando que havia 'adiado' o projeto em prol da sua candidatura para as eleições(e cadê Rosane nas propagandas políticas?). 

Mas a verdade é que finalmente iria sair a sua tão sonhada audiência dos juízes. Ou seja, eles provavelmente queriam me usar como 'laranja' durante aquela briga jurídica entre marido e mulher. Mas se ferraram, pois quem trabalha de graça nem relógio é. E ainda mais para uma corja safada daquelas. A madame tinha grana para bancar seus luxos e interesses, mas era pobrezinha para pagar o seu biógrafo. Então fique sem livro, dona ex-Collor.

Só que a coisa não acaba aqui, pois de acordo com a decisão do juiz, soube que ela ficou com duas casas, com dois carros e uma pensão de uns vinte mil durante uns dois ou três anos, ainda ouvindo da vossa excelência que era 'apta a trabalhar'.  

Ela também queria contar no livro os passos da sua conversão. Mas arrastando um passado tão escuro e cheio de interrogações, que ninguém consegue perdoar, quem estaria interessado na sua religiosidade?

Renata Ceribelli e Rosane Collor durante a polêmica entrevista.

Sinceramente até havia gostado de Rosane, como pessoa e figura história. Ela participou de uma parte vergonhosa mas destacante da nosso regime presidencial (que hoje não é nada diante dos escândalos mais graves que aparecem a todo instante). E até se mostrou gentil num determinado momento em que Renata Ceribelli foi 'estranha' comigo, durante as gravações do Fantástico em Maceió. 

Cheguei a me engajar a favor das mulheres cujos maridos exploram por anos, sem deixá-las trabalhar, depois as abandonando sem nada, quando elas estão velhas e eles enriquecem. Em especial as coitadas que não tiveram filhos para usarem como rentáveis e cômodas fontes de pensões.

Também quis repensar a questão de ser uma primeira dama brasileira, ocupando um cargo que representa a esposa do presidente de um país, mas sem qualquer subsídio ou benefício merecido aqui no Brasil.

Portanto, sobre o que ela e seu advogado mandam publicar por aí, só respondo-lhes que, sem acerto, não houve grana. E sem grana, não houve livro. Ela não perdeu nada. Até ganhou visibilidade em seu ostracismo decadente. Eu é que perdi o meu tempo investindo, divulgando, cobrando e trabalhando para ela e seu espetinho advogado, por dois anos.  

E que fique a lição: se talvez eu tivesse me proposto a escrever a biografia do Collor, quem sabe ele teria me valorizado como profissional e reconhecido o meu trabalho. 

Como ninguém tem nada que não mereça, o medo e a culpa que perseguem Rosane, devido ao seu negro passado, e que inclusive a fizeram se tornar evangélica, além da 'pobre vida' que tem hoje, perto da fama e da riqueza que conheceu um dia, já são os seus maiores e eternos castigos. Afinal, presenciei o quanto é ruim e difícil para ela tentar viver de um passado que acabou (e muito mal), fingindo ostentar uma postura que não existe mais. 

É, ao falar de dinheiro, todo mundo vira mortal e pecador, não é, Rosane? Por isso prefiro deixar que você se acerte com o seu Deus que tanto clama. E cuidado: Na bíblia diz que só os bons herdarão o reino dos céus. E desejo sorte na nova vida da ex-primeira dama que agora é novamente Malta e não mais Collor.


domingo, 25 de maio de 2014

Repercussões sobre Neusinha Brizola


Capa de 'Neusinha Brizola sem mintchura'.
de Rodrigo Manhães.

É uma satisfação compartilhar estes momentos. 

Em meio às contínuas e badaladas matérias que estão surgindo sobre 'Neusinha Brizola sem mincthura' nos jornais, nas colunas da Hildegard Angel e nas declarações de Glória Perez no twitter.

(Clique aqui para ler a crítica de Sílvio Barsetti no Estadão) 

 Biografia da polêmica Neusinha Brizola é lançada no Rio


As "perdas internacionais" e o embate permanente com as organizações Globo talvez não estivessem no topo da lista de preocupações de Leonel Brizola (1922 - 2004) ao longo de boa parte de sua vida pública. O ex-governador do Rio Grande do Sul e do Rio de Janeiro - em dois mandatos -, convivia diariamente com uma adversidade caseira, sobre a qual não exercia nenhum controle. Chamava-se Neusinha Brizola, sua filha, famosa por escândalos, quase todos relacionados ao consumo de drogas.
"Minha vontade é sentar o relho no teu lombo", disse uma vez o então candidato à Presidência da República pelo PDT para a filha. Isso porque Neusinha escondeu um tablete com um quilo de heroína debaixo de um assento do carro utilizado pelo pai durante a campanha. Por vários dias, Brizola circulou pelo Rio com a droga alojada no veículo. Seu motorista se surpreendeu ao descobri-la e, nervoso, fez o relato ao patrão.
Brizola se enfureceu e desferiu um 'não rotundo' à Neusinha. "Que porcaria é aquela que o chofer encontrou debaixo do meu banco? Então você me faz andar pra cima e pra baixo, durante quase um mês, com a bunda em cima de um quilo de droga?" O sermão continuou e, por fim, ele expulsou a filha de casa. "Minha vontade é de te cagar a laço, tchê." Neusinha foi morar em Amsterdã.
Essa história está relatada na biografia 'Neusinha Brizola Sem Mintchura' (Editora Interface Olympus), que vai ser lançada nesta quinta-feira, 20, no Rio (Fnac, no Barra Shopping). Os autores, Fabio Fabricio Fabretti e Lucas Nobre, gravaram mais de 20 horas de entrevista com a personagem, que morreu em 2011, aos 56 anos, vítima de complicações provocadas por uma hepatite. A narrativa, na primeira pessoa, reúne intimidades da família Brizola e mergulha no submundo vivido por Neusinha, presa diversas vezes por porte de drogas.
A dor de cabeça de Brizola com as estripulias da filha o levou a demitir o secretário estadual de Transporte, José Colagrossi, em 1983, por causa de uma festa gótica organizada por Neusinha, com direito a fantasia de Cleópatra, num prédio que pertencia à secretaria. Brizola governava o Rio pela primeira vez e ficou contrariado com a repercussão e os detalhes do evento. Numa área pública, instrumentos de tortura eram oferecidos aos convidados, todos com roupas pretas e servidos por garçons encapuzados à Ku Klux Klan.
Ao saber da decisão do pai, Neusinha foi a seu gabinete tentar interceder a favor de Colagrossi. "Pai, o que você está fazendo não é certo." Ouviu nova reprimenda. "Certo foi o que você e ele não fizeram. Isso é insustentável. Aquele prédio pertence ao Estado, não é uma casa de festas."
A relação tempestuosa entre os dois durou décadas e criou outras situações de embaraço para Brizola. O terceiro colocado na corrida presidencial de 1989, com mais de 11 milhões de votos, chegou a dizer que sua tolerância com Neusinha havia se esgotado para sempre. Anos mais tarde, já no leito de um hospital, em 2004, o político e a cantora, autora do hit Mintchura, ensaiaram uma aproximação. Ela se dizia arrependida por ter deixado o pai em apuros um sem-número de vezes. Flexível, ele aceitou o seu beijo.
(Texto de Sílvio Barsetti para o Estadão)aterial jornalístico produzido pelo Estadão é protegido por lei. Para compartilhar este conteúdo, utilize o link:http://politica.estadao.com.br/noticias/geral,biografia-da-polemica-neusinha-brizola-e-lancada-no-rio,1142701O material jornalístico produzido pelo Estadão é protegido por lei. Para compartilhar este conteúdo, utilize o link:http://politica.estadao.com.br/noticias/geral,biografia-da-polemica-neusinha-brizola-e-lancada-no-rio,1142701
Figura presente na biografia, amigo de Neusinha e alvo de seus fetiches sexuais, Nelson Motta também está citado lá, assim como sua irmã, Graça Motta, que produziu os primeiros shows da roqueira no cenário carioca, antes de Paulo Coelho se tornar o seu produtor oficial. E tal foi a nossa surpresa ao lermos no jornal O Globo e assistirmos no telejornal da emissora as crônicas de Nelsinho Motta sobre o livro.


/ Foto de Érica Saraiva /

(Assista aqui a matéria do Jornal da Globo na íntegra)

Só tenho a agradecer a todos pelo carinho e reconhecimento. São coisas que não têm preço e que fazem tudo valer a pena. 

Reproduzo abaixo a feliz crítica escrita de Nelsinho Motta no jornal impresso O Globo.



Crítica de Nelson Motta em 16/05/2014.
/  Foto de Matheus Gonçalves /

Uma garota do barulho

          Louca por sexo e drogas, Neusinha era puro rock and roll


Filha de uma bela e rica dama da elite gaúcha e de um popular e carismático líder socialista, foi criada como uma princesa, e, além de uma graça de garota, era muito inteligente e meio doidinha, e divertidíssima. Neusinha Brizola entrou em cena em 1982, quando seu pai Leonel foi eleito governador do Rio de Janeiro, e se tornou uma estrela fugaz do Rock Brasil com o seu hit “Mintchura”, marqueteada por Paulo Coelho, antes de se tornar escritor de sucesso.

Como Paulo escreveria anos depois, o universo conspirava a favor de Neusinha e de sua lenda pessoal. Não que fosse uma grande cantora, mas cantava o suficiente para começar uma boa carreira de roqueira com atitude anárquica e humor debochado, que fazia enorme sucesso nos programas populares de televisão, nas suas entrevistas bombásticas e nos escândalos que protagonizava. Louca por sexo e drogas, Neusinha era puro rock and roll. Tinha tudo para ser o que quisesse.

De princesinha à exilada política, drogada desde os 13 anos, mãe aos 21, amiga de Cazuza e Andy Warhol, amante de mafiosos e traficantes, junkie de heroína em Amsterdã, Neusinha viveu uma vida vertiginosa, entre o poder e a marginalidade, prisões e fugas, escândalos e brigas com o pai, e pagou caro, com muito sofrimento e humilhação no inferno das drogas. Mas voltou das trevas como uma avó querida e careta, sem deixar de ser doidona, e sem nunca perder o humor, nos 56 anos que viveu. E como viveu!

Debilitada por seus excessos e pela hepatite C, e sentindo que o fim se aproximava, Neusinha chamou Fábio Fabricio Fabretti e Lucas Nobre para contar tudo em uma biografia onde não esconde nada e se mostra uma personagem fascinante, inteligente e hilariante, mas também trágica e patética, devassa e destrutiva, narrado na primeira pessoa sem vergonha e sem piedade, num testemunho dramático, e cômico, do poder devastador das drogas.

Com uma protagonista que supera qualquer ficção, em momentos e cenários históricos, com personagens importantes da política e da música brasileira nos anos 80, entre gargalhadas e lágrimas, “Neusinha Brizola sem mintchura” é sensacional.

(Texto de Nelson Motta - O Globo)

Agora recebemos a elogiosa crítica de Ruy Castro, na Folha de São Paulo. E nem sabemos o que dizer, apenas sentir, por se tratar de um dos autores mais bem conceituados em questão de biografia no Brasil.


Crítica de Ruy Castro sobre 'Neusinha Brizola sem mintchura',
na Folha de São Paulo de ''/06/2014.
Foto de Lucas Nobre.

Reflexões de Neusinha


Neusinha Brizola não escolhia droga. Se fosse para beber, fumar, cheirar, ingerir, mascar ou injetar, podiam contar com ela. Sabia também refinar, esconder, transportar e vender. Às vezes ia presa ou sofria um acidente brabo, mas nada a detinha. Seu pai, o governador Leonel Brizola, nunca soube que ela namorou o bandido Escadinha dentro do presídio na Ilha Grande.
Parece “Mintchura” — título de seu enorme sucesso em disco, em 1983–, mas, com tudo isso, Neusinha ainda conseguiu chegar aos 56 anos, em 2011. E deixou um longo depoimento que Lucas Nobre e Fábio Fabretti transformaram no livro “Sem Mintchura”, recém-lançado. Nele, Neusinha não se condena nem se absolve. Apenas conta sua impressionante história. A qual está cheia de reflexões como as que se seguem:
“Para preencher o vazio existencial, o estômago é um dos melhores caminhos”. “Arroz integral? Só se for com uma picanha sanguinolenta”. “Um dia acendo minha estrela. Só preciso achar o pavio”. “Nunca tive joias. Odeio objetos que possam valer mais que seus próprios donos”. “Uma pena que o mundo deixou de ser ideológico e se tornou estético”.
[Sobre Brizola]: “Eu levei a fama, mas ele era o artista da família”. [Na morte dele]: “Lutou com a força dos espinhos, sem perder a delicadeza das pétalas”. [No velório, quando um repórter perguntou se podia dar uma declaração]: “Posso. Fodam-se”. [Sobre o poeta Drummond]: “Eu tinha o hábito de segui-lo discretamente, como quem colhia as palavras semeadas por seus passos no calçadão”.
[Sugestão para seu próprio epitáfio]: “Do pó ao pó, pelo pó”. [Justificando suas tatuagens]: “Era para esconder a marca das seringas”. [Seu balanço final]: “Desde que aprendi que a droga é uma declaração de desamor consigo mesmo, forcei-me a parar diante do espelho e declarar-me amor todos os dias”.
(Texto de Ruy Castro - Folha de São Paulo)
E que venham mais e mais boas repercussões, com críticas, fotos de queridos e importantes amigos e convites para divulgarmos o livro!




Jô Soares lendo 'Neusinha Brizola sem mintchura'.


Quem é o pai do filho de Neusinha?



Johann Heyss

Ainda sobre o livro 'Neusinha Brizola sem minchtura', entre tantos bafafás que estão sendo retirados das polêmicas páginas narradas por ela e destrinchados por jornalistas, críticos e leitores, muito (sempre) se fala das brigas dela com o pai, o potente governador Leonel Brizola. E das suas clássicas e míticas andanças pelos morros acima que resultaram em prisões. 

Mas Neusinha é muito mais que tudo isso que o povo pensa saber e gosta de comentar. 

Como, por exemplo, toda a sua infância e juventude resgatadas da época do exílio, desde o golpe de 64 até a conquistada da anistia, quando, em compensação, ganhamos a censura artística, assim como o surgimento do rock brasileiro e da transformação política e cultural de um país, entre tantos meandros históricos e inesquecíveis do nosso Brasil, totalmente atrelados à vida dessa moça cantora, roqueira e anarquista.

Em especial, há os seus envolvimentos com grandes nomes artísticos, nacionais e inter. E um deles, citado incólume no livro, até então passou despercebido por todos, mas não pela ótica do querido e atento amigo Johann Heyss, autor do texto que reproduzo abaixo:

Desde que o mundo é mundo, há quem acuse determinadas mulheres do chamado “golpe da barriga”. Como todos sabemos, quem aplica esse golpe seriam aquelas que engravidam “de propósito” de homens famosos, ou ricos, ou poderosos, ou tudo isso junto, para ganhar fama e/ou dinheiro e/ou poder. Em tempos de DNA, o golpe estaria mais vivo do que nunca. O teste de DNA é um dono-da-verdade: ele falou, tá falado. Não tem mais discussão.

Mas longe de mim apontar o dedo para quem quer que seja. Se a mulha engravidou do famosão, ele que faça a parte dele como pai. E se a mulha ficar famosa e capitalizar em cima disso, por mais ridícula que ela seja, é direito dela — e pior para o público se a mulha acabar  engrossando a fila de pseudo-celebridades famosas por serem famosas que pululam nas caras e bocas da vida. Esse clichê é mais velho do que andar para a frente. Nada de novo no front.

Então a pessoa está lendo o livro Neusinha Brizola sem mintchura, de Fábio Fabrício Fabretti, em parceria com Lucas Nobre, e no meio do impagável relato de uma vida desde sempre sobressaltada e trepidante, se depara com o anti-golpe-da-barriga.

De acordo com os depoimentos de Neusinha, nos quais o livro todo se baseia, o babado é o seguinte: quando ela morava em Nova York, foi ver o show de uma banda que adorava, e cujo vocalista considerava “o mais irado da Inglaterra”. Acabou fazendo a groupie: se infiltrou no camarim, ganhou um autógrafo no peito e começou um affair com o ídolo. Dias depois de vê-lo pela última vez, ficou sabendo pela mídia de seu envolvimento com um evento da Anistia Internacional, instruído por ela, durante os papos com ele.
Dois ou três meses depois, descobriu que estava grávida. Não teve dúvidas de ser o ídolo inglês o pai de seu filho Paulo César, embora estivesse vivendo um namoro sério com um baterista da banda de Belchior, na época, e que assumiu a paternidade.

Quando Paulinho era ainda um bebê, a tal banda internacional veio tocar no Rio de Janeiro — era o verão de 1982. Neusinha relembra em seu depoimento que o show vinha para quebrar o total marasmo reinante no Brasil na época em termos de shows internacionais. Ninguém vinha tocar aqui nessa época, salvo Kiss, Rick Wakeman e um ou outro metaleiro ou banda progressiva. Mas ídolos do rock/pop inglês moderno? Sem chance. Neusinha também comenta que a banda não era ainda muito famosa no Brasil. Bem, basta consultar o sr. Google para descobrir qual foi a única banda inglesa, com vocalista galã e apoiador da Anistia Internacional  a tocar no Rio no verão de 1982, rsrsrsrsrs e muitos, muitos rsrsrsrs.

Seguindo com a leitura, Neusinha diz que foi ao show com o filho Paulo nos braços. Sua intenção era apresentá-lo ao pai. Tentou falar com o bonitão no camarim, mas ele mandou dizer que não a conhecia. Neusinha então deu de ombros: “não preciso dele para nada”. Com o apoio da família, seguiu como mãe solteira, ou melhor, separada do segundo relacionamento.

Um pouco mais à frente no livro, Neusinha comenta (in)discretamente que tinha um pôster de Sting no quarto, e que sempre o contemplava com saudosos sonhos eróticos.

Pensaram que Neusinha havia parado de causar após a piada sem graça que foi sua morte prematura? Ledo engano. A causação não tem fim. Basta ler o livro. 

E viva Neusinha!


(Texto de Johann Heyss)